sábado, 16 de fevereiro de 2019

Filme sobre ocupação de escolas paulistas ganha prêmio em Berlim


Defendendo a educação igualitária, o filme brasileiro Espero tua (re)volta, da diretora Eliza Capai, conquistou neste sábado  16 o Prêmio da Anistia Internacional (AI) e da Paz na Berlinale, Festival Internacional de Cinema de Berlim.
O filme, exibido na mostra Generation, fala sobre os protestos de estudantes de 2015, quando meninos e meninas ocuparam escolas de São Paulo para exigir melhores condições de aprendizagem.
O longa-metragem expõe a “repressão sofrida por estudantes que procuram defender o acesso à educação livre”, destacou o júri da AI. Emocionada, Eliza Capai recebeu o prêmio como um convite a “seguir lutando por esse direito básico”.
“Imaginem que seus filhos saem às ruas porque o governo quer fechar as escolas e são recebidos com bombas de gás lacrimogêneo e pancadas”, apontou a atriz austríaca Feo Aladag, do júri da AI, ao entregar o prêmio.
O filme de Capai recebeu, além disso, o Prêmio da Paz, que é dado pela Fundação Heinrich Böll, como expoente do cinema comprometido com a coragem cívica, segundo o júri.
Ambas as distinções, a da AI e a da Paz, fazem parte dos prêmios dos júris independentes antes da cerimônia de entrega dos Ursos de Ouro.
No ano passado, outro filme de um diretor brasileiro, THF Aeroporto Central, de Karim Ainouz, também foi agraciado com o Prêmio da Anistia Internacional no Festival de Cinema de Berlim.
Fonte: https://www.cartacapital.com.br

domingo, 29 de novembro de 2015

A casa caiu para o governo de São Paulo ! Vazou o áudio de uma reunião com dirigentes! Assustador! Vejam!




Em reunião com 40 dirigentes de ensino, braço direito do secretário Herman anuncia que o decreto da “reorganização” sai na terça e lança estratégia para “isolar” e “desmoralizar” as escolas em luta, com o apoio da Polícia Militar


Por Laura Capriglione, especial para os Jornalistas Livres, às 14h de 29/11/2015



Em reunião realizada agora há pouco, na antiga escola Normal Caetano de Campos, a primeira escola pública de São Paulo na era republicana, cerca de 40 dirigentes de ensino do Estado de São Paulo receberam instruções de Fernando Padula Novaes, chefe de gabinete do secretário Herman Jacobus Cornelis Voorwald, sobre como deverão agir a partir de amanhã para quebrar a resistência de alunos, professores e funcionários que estão em luta contra a reorganização escolar pretendida pelo governador Geraldo Alckmin.
A reunião foi realizada em uma sala anexa ao próprio gabinete do secretário. Jornalistas Livres estavam lá e escutaram o chefe de gabinete anunciar para os dirigentes de ensino que o decreto da “reorganização sai na [próxima] terça-feira”. Segundo ele, “estava pronto na quinta passada (26/11) para o governador assinar”, mas pareceria que o governador não “tinha disposição para o diálogo”. A maioria na sala (todos “de confiança” do governo), suspirou de alívio, e Padula emendou: “Aí teremos o instrumento legal para a reorganização”.
Trata-se de uma gravação esclarecedora, que merece ser ouvida em sua íntegra pelo que tem de revelador. Nela, o chefe de gabinete Padula repete inúmeras vezes que todos ali estão “em uma guerra”, que se trata de organizar “ações de guerra”, que “a gente vai brigar até o fim e vamos ganhar e vamos desmoralizar [quem está lutando contra a reorganização]”. Fala-se da estratégia de isolar as escolas em luta mais organizadas. Que o objetivo é mostrar que o “dialogômetro” do lado deles só aumenta, e que a radicalização está “do lado de lá”.
Também importante foi o ponto em que o chefe de gabinete falou da estratégia de “consolidar” a reorganização. A idéia é ir realizando as transferências, normalmente, deixando “lá, no limite” aquela escola que estiver “invadida”. Segundo ele, o máximo que ocorrerá será que aquela escola “não começará as aulas como as demais”.
A reunião mencionou também o papel de apoio que a Secretaria de Segurança Pública, do secretário Alexandre de Moraes, está tendo, fotografando as placas dos veículos estacionados nas proximidades das escolas, e identificando os seus proprietários. Com base nessas informações, a Secretaria de Educação pretende entrar com uma denúncia na Procuradoria Geral do Estado contra a Apeoesp.
Padula contou como procurou o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, “A gente precisa procurar todo mundo, não é?”, dele recebendo a orientação para responder aos que se opõem à “reorganização”. “Vocês precisam responder”, teria dito dom Odilo ao chefe de gabinete do secretário Herman Jacobus Cornelis Voorwald. Dom Odilo teria afirmado ainda que “as ocupações nas escolas têm o objetivo de desviar o foco de Brasília”.
Foi interessante notar que a mesma reunião que insistia em denunciar a presença de partidos e organizações radicais entre os meninos e meninas contou com o anúncio solene da presença de um militante do Movimento Ação Popular, ligado ao PSDB e presença frequente nas manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Estudantes ocupam escola em São Paulo contra fechamento de unidades

Os secundarias tomam para si o protagonismo de transformar a escola pública! 
Dos manuais de ocupação das escolas chilenas a realidade paulista! 

Primeiras ocupações: 

EE Fernão Dias Paes e EE Diadema!

Matéria do portal da Globo:
Estudantes ocupam escola em São Paulo contra fechamento de unidades

Jovens impediram entrada na EE Fernão Dias Paes, que não será fechada.
PM acompanha ato; secretaria registrou boletim como depredação.
0/11/2015 13h17 - Atualizado em 10/11/2015 18h21

Policiais militares discutem com manifestantes em frente à Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros (Foto: Cris Faga/Fox Press Photo/Estadão Conteúdo)Policiais militares discutem com manifestantes em frente à Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros (Foto: Cris Faga/Fox Press Photo/Estadão Conteúdo)
Estudantes ouparam a Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na Zona Oeste deSão Paulo, na manhã desta terça-feira (10). O protesto é contra o fechamento de escolas para a reorganização da rede de ensino estadual. Um grupo também entrou em outra escola estadual em Diadema, no ABC, na noite desta segunda-feira (9). 
A escola Fernão Dias Paes não será fechada. Atualmente ela tem ensino fundamental dos anos finais (6º ao 9º ano) e ensino médio. Com a reorganização do ensino, em 2016, a escola passará a ter apenas o ensino médio. Os alunos do ensino fundamental serão transferidos para outra escola, segundo a Secretaria da Educação.
Por volta das 16h40, houve um princípio de confusão porque a Polícia Militar tentou levar para a delegacia duas estudantes que deixavam a escola. Uma delas tem 18 anos e a outra, 17. Um grupo cercou os policiais, começou a gritar "é uma aluna, não é bandido" e houve um tumulto. Policiais chegaram a usar cassetetes para dispersar o grupo.


Segundo as primeiras informações, os PMs pretendiam levar as jovens para participar do registro do boletim de ocorrência sobre o caso. Às 16h50, uma delas continuava em uma base comunitária, conversando com os policiais. A jovem de 18 anos havia sido liberada.
Manifestação
A PM diz que os estudantes começaram a manifestação na Zona Oeste de São Paulo às 6h55 e impediram a entrada de funcionários. A escola não está na lista das unidades que serão fechadas no estado. A PM cercou a escola.

Mesmo os alunos que chegaram pela manhã para assistir às aulas, sem participar do protesto, precisam esperar a chegada dos familiares para a liberação da saída pela Polícia Militar.
De acordo com estudantes que estavam no local, outras escolas da região serão fechadas e, por isso, haverá um remanejamento na quantidade de alunos na escola Fernão Dias Paes. Os alunos reclamam que poderá ter pelo menos mais 10 pessoas por sala e que estudantes que moram em outros bairros podem ser obrigados a sair do colégio.


A Defensoria Pública informou que dois defensores estiveram no local para "garantir o direito de manifestação" e para que o protesto ocorresse de forma "pacífica e tranquila".
"É preciso saber o que houve lá dentro para saber exatamente o nível de responsabilidade de cada um. Se houve dano é tudo mais, devem ser responsabilizados pelos danos. Se são menores, qualificados e liberados ao Conselho Tutelar", disse o Coronel Claudino Roberto Teixeira de Miranda.
Escola Fernão Dias ocupada por alunos  (Foto: Taba Benedicto/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)Escola Fernão Dias ocupada por alunos (Foto: Taba Benedicto/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)


Pais preocupados
Maria Aparecida Pires, de 47 anos, foi ao local para buscar o filho Juarez, de 16 anos. "Sou a favor e contra. Acho que no período de aulas isso [protesto] só atrasa eles". Segundo a mãe, o filho ligou para ela ir buscá-la. 

Sou a favor e contra. Acho que no período de aulas isso [protesto] só atrasa eles"
Maria Aparecida Pires, de 47 anos
A mãe da estudante Júlia Helena Oliveira, de 15 anos, ficou preocupada com a quantidade de policiais que estão em frente à escola.  “Até manifestar, acho tranquilo. O que me preocupou foi a polícia chegar nessa proporção. Quem tem que estar aqui conversando com eles não são esses policias. A mudança veio de cima para baixo. Ela não foi discutida", disse Juliana Oliveira, de 41 anos.


Ela é professora de outra escola estadual, mas diz que estudou no Fernão Dias quando criança. A filha dela estuda no colégio ocupado e também participa da manifestação. Procurada pelo G1, a PM disse que apenas acompanha o protesto na escola.


A mãe Lúcia Helena Gonçalves Pereira, de 38 anos, foi buscar a filha. Ela estuda de manhã na escola e a mãe ficou preocupada com a demora da jovem. “Ninguém me ligou, ninguém me falou nada. Eu fiquei sabendo porque ela me ligou agora há pouco em casa, eu estava preocupada. Se, em vez de fazerem aqui, fossem até o palácio encher o saco do Alckmin, eu até concordo [com as reivindicações]”, afirmou.
Mãe da estudante Júlia Helena Oliveira, de 15 anos, foi até escola para acompanhar manifestação (Foto: Carolina Dantas/G1)Mãe da estudante Júlia Helena Oliveira, de 15 anos, foi até escola (Foto: Carolina Dantas/G1)



Página no Facebook
Segundo a página de uma organização política chamada "O mal educado" no Facebook, o prédio está tomado por alunos e não foi permitida a entrada da diretora. "Agora dezenas de viaturas da PM chegaram ao local e os polícias militares estão cercando a escola. Eles ameaçam arrombar as portas para despejar os alunos", diz a página.

Duas alunas que seriam as líderes do movimento leram um manifesto no portão da escola: "nossa luta é fundamental, os estudantes devem se unir sem depender de ninguém. Principalmente das unidades estudantis oportunistas."


Boletim de ocorrência
Segundo a Secretaria da Educação, por meio de sua assessoria de imprensa, há estudantes que ocuparam a escola que não são alunos da unidade. A pasta registrou boletim de ocorrência por depredação ao patrimônio público e afirmou que os alunos não quiserem conversar com representantes da secretaria.

Até manifestar, acho tranquilo. O que me preocupou foi a polícia chegar nessa proporção"
Juliana Oliveira, de 41 anos, mãe de estudante
De acordo com a diretora de ensino da região Centro-Oeste, Rosângela Valim, os funcionários da escola foram "surpreendidos por cerca de 40 pessoas que não são da escola". "É um grupo radical que está lá dentro e não deixam que as crianças saiam do prédio. Eles invadem o prédio público, colocam funcionários para fora da escola e não deixam ninguém entrar e sair. Isso é cárcere privado", afirmou.
"As crianças que estão lá dentro, não sabemos como elas estão. Os pais não sabem. Não temos acesso ao grupo de alunos. De 60 a 80 alunos. Não faz parte da rede. A escola é tranquila, não tem esse tipo de radicalismo. A diretora está estarrecida", disse Rosângela.
De acordo com ela, a direção quer entrar para conversar com os alunos, mas não "aceitam o diálogo". Os alunos afirmam que um ônibus que está na porta da escola é para retirar os estudantes e levá-los para a delegacia. A secretaria nega.
PM em frente à escola ocupada na Zona Oeste de São Paulo (Foto: Carolina Dantas/G1)PM em frente à escola ocupada na Zona Oeste de São Paulo (Foto: Carolina Dantas/G1)
Caso em Diadema
Na Escola Estadual Diadema, 18 alunos ocuparam o refeitório na noite desta segunda-feira (9), por volta das 19h, o que impediu as aulas do período noturno. Eles montaram barracas e tocaram bumbo, segundo a diretora de ensino de Diadema, Liane Bayer. Durante a madrugada, alguns pais foram buscar os filhos.


Nesta manhã, cerca de 10 a 12 alunos permaneciam no local, mas os outros alunos tiveram aulas normalmente. Para Liane Bayer, o protesto dos alunos “é uma questão de afetividade”. “O adolescente cria vínculos com a escola”, disse.


A E. E. Diadema tem Ensino Fundamental e Médio. No ano que vem, os alunos que irão para o 1º ano do Ensino Médio irão ser transferidos para a Escola Estadual Filinto Miller. Os que estão no 2º ou 3º ano concluirão os estudos na E. E. Diadema.
Outro protesto
Professores e estudantes fazem uma manifestação em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede governo de São Paulo, na Zona Sul da capital paulista, no começo da tarde desta terça-feira (10), também contra a reforma da rede de ensino estadual.

Ônibus da Polícia Militar estacionado em frente à escola Fernão Dias Paes (Foto: Carolina Dantas/G1)

Ônibus da Polícia Militar estacionado em frente à escola Fernão Dias Paes (Foto: Carolina Dantas/G1)
Escola Fernão Dias ocupada por alunos (Foto: Carolina Dantas/G1)Escola Fernão Dias ocupada por alunos (Foto: Carolina Dantas/G1)Fonte: http://g1.globo.com/
Matéria do portal UOL:

Alunos acampam em escola estadual de Diadema contra a reorganização da rede


Um grupo de 20 estudantes ocupa o prédio da Escola Estadual Diadema, localizada no centro de Diadema, desde as 19h de segunda-feira (9). Os alunos são contra a reorganização escolar da rede estadual de São Paulo. O governo quer ampliar o número de escolas com ciclo único, ou seja, apenas com alunos do fundamental 1, fundamental 2 ou ensino médio.
"Nós passamos a noite na escola e vamos continuar até obter um retorno do governo [do Estado]", explica uma aluna de 16 anos, que cursa o segundo ano do ensino médio. A decisão foi tomada em uma assembleia de estudantes realizada na noite de ontem.
A escola ocupada será atingida pela reorganização e passará a receber somente alunos do ensino fundamental. 
De acordo com a estudante, as turmas do ensino fundamental funcionaram normalmente nesta terça (10). Já o ensino médio está sem aula desde ontem.
"Nosso objetivo é chamar a atenção do governo e obter uma resposta positiva. Nós estamos organizados pacificamente e temos o direito de ocupar o espaço público", explica a porta-voz do grupo. "Queremos o fim dessa reorganização escolar. Já temos um abaixo-assinado com 10 mil assinaturas e estamos participando das manifestações."
Paulo Cézar de Souza é professor de história e também participa da ocupação. Ele conta que a diretoria de ensino chegou a se reunir com os professores e estudantes. "Eles disseram que nada vai mudar, que a reorganização vai acontecer", explica.
Segundo Souza, alguns professores estão apoiando o protesto, mas a organização do movimento é inteiramente dos alunos. "Foram eles quem foram até a Câmara de Vereadores para convocá-los e também até a Alesp [Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo]", conta Paulo.
"Já passei a noite de ontem e vou continuar. Não é só pela situação daqui e, sim, pelo todo. Estamos lutando contra a destruição das escolas públicas de São Paulo".

Ocupação em São Paulo

Na manhã desta terça, alunos ocuparam a Escola Estadual Fernão Dias, na zona oeste de São Paulo. Eles também são contra a reorganização da rede. No caso da escola paulistana, policiais militares cercaram o prédio.
A secretaria de Educação, por meio de nota, lamentou o incidente
Fonte:http://educacao.uol.com.br/

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

COMO OCUPAR UM COLÉGIO?

Este texto foi originalmente publicado no site da  Federação de Estudantes Libertários da Argentina no contexto das lutas estudantis que aconteciam neste país em 2012. Sua tradução e publicação pelo coletivo O Mal Educado condiz com a nossa proposta política de construção de práticas autogestionárias e de valorização da ação direta como forma de luta.

Boa Leitura!”
Com esse texto não queremos nada mais que tentar tornar mais fácil o caminho para os companheiros que estão começando suas lutas agora. Textos como esse são os que nos fizeram falta durante os momentos de luta para evitar que conflitos dentro dos grêmios nos distraíssem dos problemas que são realmente importantes em um período de ocupação.
Não há uma fórmula secreta nem perfeita para ocupar um colégio. Simplesmente é necessário seguir alguns princípios básicos, ter clareza sobre como se organizar e ajustar o que foi planejado à conjuntura geral, à correlação de forças, etc.
ORGANIZAÇÃO DURANTE A OCUPAÇÃO
Uma vez decidida e votada a ocupação do colégio pela totalidade dos estudantes, é primordial e “obrigatório” que se discuta como se organizará todo o processo de ocupação, para garantir que todas as tarefas sejam cumpridas no prazo e da forma proposta, sempre respeitando a democracia direta.
Para que se respeite a democracia e se garanta o cumprimento das tarefas, é necessário dividi-las de alguma maneira. O mais prático e recomendável é que a assembleia geral nomeie comissões para temas particulares, que se ocupem de supervisionar e cumprir as tarefas designadas para elas.
As seguintes comissões são básicas e não devem faltar em nenhum processo de ocupação:
COMIDA
É a comissão encarregada de garantir comida para quem dormirá no colégio. Ou seja, ela deve se assegurar para que haja pelo menos jantar e café da manhã. Pode se ocupar do almoço, mas como esse é um horário em que há mais pessoas entrando e saindo do colégio, é mais fácil conseguir alimentos do que nos horários em que o colégio fica fechado.
SEGURANÇA
É uma das comissões mais importantes. É a encarregada de cuidar do patrimônio da escola e dos ocupantes. Também é a encarregada de evitar qualquer tipo de briga ou descontrole entre os estudantes. Ela deve se ocupar das seguintes tarefas:
- Fechar os principais acessos à escola e garantir que sempre tenha alguém os vigiando;
- Impedir que qualquer pessoa não autorizada pela assembleia entre na ocupação (ou seja: professores, autoridades, jornalistas, pais, alunos de outras escolas, alunos que possam representar uma ameaça, etc.) exceto durante a realização de atividades abertas. Durante todo o dia deve haver um grupo considerável de companheiros na entrada principal– no mínimo três – que anotem em uma lista quem entrou e saiu e o horário em que essas pessoas entraram e saíram. Com isso, há um controle que garante um número constante de pessoas na ocupação. Ao encerrar a ocupação, essa lista deve ser destruída, para que não caia em mãos de autoridades que possam chegar a utilizá-la contra os estudantes, fazendo “listas negras”, punindo, expulsando, etc;
- Geralmente as autoridades são avisadas da possível ocupação da escola e podem chegar a “entrincheirar-se” (ficar esperando os alunos lá) na diretoria, secretaria, etc. Isso deve ser evitado a todo custo, tendo em conta que nesses espaços é que estão os documentos dos estudantes nos quais as autoridades podem efetuar as sanções/advertências/suspensões/expulsões e fazê-las constar em ata;
- Evitar o uso de álcool, drogas, armas ou qualquer outro elemento proibido pela assembleia. Isso pode ser garantido evitando a entrada desses materiais, proibindo seu uso dentro da ocupação ou até descartando esses materiais;
Essa comissão não tem outra tarefa além de cumprir o que foi deliberado pela assembleia em relação ao tema da segurança. Em relação a casos de violência (tanto internos quanto externos) não se deve tomar uma posição de entrar na briga. Ao contrário, utilizando métodos fraternais, deve-se tentar acalmar os ânimos o máximo possível.
IMPRENSA
É encarregada de divulgar a ocupação para os meios de comunicação, outras escolas/universidades e para quem se considerar necessário. No caso dos meios de comunicação, deve-se chamar os meios selecionados, informando-os da ocupação e pedindo um número de celular para mandar uma nota (por mais bobo que isso pareça, ajuda bastante na difusão das razões da ocupação e da luta em si).
Assim que se realize a ocupação, essa comissão deve também redigir um comunicado no qual se explique suas razões e os motivos que os levaram a este ponto. O comunicado deve ser difundido por todos os meios possíveis (email, Facebook, meios de comunicação, etc). É primordial ressaltar que o comunicado deve se ater ao que foi decidido na assembleia, sem a interferência de interesses pessoais ou partidários.
Outra ferramenta de divulgação da ocupação são os cartazes, para colar na fachada da escola com as demandas da luta que está sendo realizada ali.
INFORMAÇÃO
É a encarregada de difundir a informação dentro da ocupação. Ou seja, deve divulgar as resoluções tomadas pela assembleia para todos os estudantes, assim como informes dos meios de comunicação sobre o processo de ocupação. Dessa forma todos tem acesso à informação, igualando o nível de discussão de todos os companheiros e possibilitando um processo realmente democrático e igualitário. Deve também informar os horários e salas das atividades caso essas sejam atividades que todos possam participar.
LIMPEZA
É a encarregada de limpar o estabelecimento (varrer, lavar, etc.). Deve utilizar os utensílios que os funcionários emprestem ou, caso não possam emprestá-los, devem consegui-los em suas casas ou onde for possível. É importante não só limpar, mas também evitar que os companheiros sujem o espaço, para reduzir o esforço coletivo de limpar grandes estabelecimentos, além de que um espaço muito sujo prejudica a imagem do movimento. Como é uma tarefa que a maioria não quer fazer, o melhor é incentivar a rotatividade de integrantes nessa comissão.
RELAÇÕES EXTERNAS
É um tema importante, sobretudo para evitar que organizações, grupos ou partidos se apropriem da luta, passando por cima da decisão dos estudantes. É necessário proibir práticas que só tenham como objetivo “ganhar ibope” à custa do movimento ou o movimento pode perder sua legitimidade e se esvaziar ao tentarem impor uma bandeira externa.
Para falar com os meios de comunicação, a assembleia deve eleger um ou dois delegados revogáveis (de preferência com mais de 18 anos, para evitar inconvenientes com a lei) que possam comunicar apenas o decidido pela assembleia, sem emitir opiniões pessoais ou de seus grupos.
Para falar com as autoridades (da escola ou externas, como a polícia) devem ser eleitos também um ou dois delegados revogáveis. Esses, depois da discussão, devem transmitir tudo o que foi discutido para a assembleia. Se não o fizerem devem ser trocados. Todas as propostas que surgirem por parte das autoridades devem ser discutidas em assembleia antes de tomar qualquer decisão.
É desejável gravar as reuniões com as autoridades para evitar qualquer tipo de agressão ou ameaça. Devem ser escolhidos também um ou dois delegados para ir às assembleias das escolas vizinhas para dar informações sobre a ocupação, trazendo depois informes das outras escolas para a ocupação.
ASSEMBLEIAS
A assembleia é o órgão mais importante durante uma ocupação. As decisões mais importantes devem passar por ela e ser discutidas nela.
É importante que se incentive a participação de todos os estudantes e não só dos mais experientes. Isso pode ser alcançado decidindo com antecedência um conjunto de temas para serem discutidos, para que dessa forma os companheiros com menos experiência tenham mais tempo para elaborar suas posições.
Se esse conjunto de assuntos é extenso e os debates são chatos e longos, o melhor é colocar um limite de tempo (3 a 5 minutos) para cada intervenção/fala. Devem ter dois moderadores: um que controle o tempo da intervenção/fala e avise quando o tempo terminou ou se a discussão está fugindo do tema e um outro que faça uma lista de quem deseja falar e anote as decisões tiradas na assembleia. Outra pessoa deve fazer a ata, um registro detalhado da assembleia. Como é algo que pode ser chato e entediante, esse posto pode ser rotativo.
Na primeira assembleia (quando se decide a ocupação) é conveniente que seja votada uma série de reivindicações e demandas. Com isso, se evitam confusões e se tornam claros os objetivos da ocupação.
ATIVIDADES
É recomendável que durante o dia sejam realizadas atividades na ocupação com a participação de alunos, professores, pais e todos os que apoiem a ocupação. Essas atividades podem ser decididas tanto por companheiros com experiência quanto por professores ou por pessoas que não sejam da escola (familiares, conhecidos, etc). Algo a ser levado em conta é que tendo mais gente na ocupação durante o dia se reduz muito a possibilidade de algum tipo de agressão à ocupação por parte das autoridades.
Essas atividades podem tanto ser recreativas quanto de formação: podem ser conversas sobre algum tema de interesse ou também pintar cartazes, murais, paredes, grafittis, oficinas de desenhos, o que se desejar. Finalmente, mas não menos importante, é durante esse período de atividades que os companheiros mais atarefados e presentes na ocupação possam relaxar e descansar, diminuindo o esgotamento e cansaço deles.
532949_292399454227140_215480173_n
Escola ocupada pelos alunos no Chile.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Os perigos da “pátria amada”


Estamos preocupados com o rumo que esse levante popular pode tomar e com a associação dele a um discurso midiático vazio

Por Camila Petroni e Débora Lessa,
 O intuito da pequena reflexão que segue não é desmoralizar os atos ocorridos em diversas cidades brasileiras, que começaram contra o aumento das tarifas de transportes públicos, no início de junho, e, hoje, apresentam “pautas” variadas. É justamente a pulverização dessas motivações que nos preocupam. Quais são os motivos da luta mesmo?
Na página virtual (Facebook) do Quinto Ato, marcado para o dia 17 de Junho e com mais de 240 mil pessoas com presença confirmada (já esperando os ataques bárbaros da Polícia), as enquetes conseguem fazer qualquer queixo que se preze cair. Em uma delas, que perguntava qual bandeira deve-se levantar após a baixa dos preços das passagens (se houver), algumas das propostas colocadas como motivo de mobilização (mesmo que não muito votadas) são: cancelamento da Copa do Mundo 2014 (um tiro no pé, com todo o investimento já feito), Reforma Política (que reforma?), Segurança (mais PM nas ruas?), Diminuição da maioridade penal (sem comentários), Fim do Funk (projeto higienista manda um “Oi!”), a favor do Estatuto do Nascituro (sem comentários, de novo), CCC – Campanha Corruptos na Cadeia (não tinha um nome melhor? Quase um CCC – Comando de Caça aos Comunistas - de 1964), dentre outras propostas que preferimos não imaginar o que aconteceria caso ganhassem força.
Se por um lado, a heterogeneidade de propostas e a falta de uma liderança nos movimentos representa a possibilidade de uma relação horizontal entre os sujeitos; por outro, a falta de direcionamentos aponta para o risco de causas conservadoras se tornarem as principais do movimento agora sem nome. Não consideramos o quadro atual da manifestação como anárquico, classificação feita em algumas análises, mas como preocupante, nesse sentido.
Outro ponto bastante incômodo em relação às pessoas se organizando para o ato (e a fim de formar um movimento – longe de estar unificado), é o (perigoso) nacionalismo proposto por boa parte dos manifestantes, e presente principalmente na ideia de entoarem o Hino Nacional em coro. Em uma enquete, feita também na página de organização do ato da segunda-feira (17), a maioria esmagadora era a favor de que cantassem o Hino em massa. A verdade é que sentimentos ufanistas assustam, sobretudo por sabermos, historicamente, que nunca geraram bons frutos. Estudos apontam que o ideário nacionalista brasileiro, em sua trajetória, poucas vezes chegou às classes populares (por que será?), pertencendo aos militares. Um comentário bastante sensato feito na mesma enquete, colocou que o “hino é um instrumento que forja uma falsa unidade nacional”. Se a mundialização do capital está posta, a necessidade da mundialização da luta é latente. Para isso, nada de bandeiras do Brasil em volta de nossos corpos, nada de “pátria amada, idolatrada”.
É batido, mas Marx já justificara por A + B que “os operários não têm pátria” e, por mais que devamos lutar pelas condições horrendas as quais nos coloca o capitalismo, isso não tem a ver com o “orgulho de ser brasileiro”, mas com o orgulho de sermos humanos.
E aqui nasce uma nova preocupação: até ontem pairava no ar um espectro do oportunismo da “grande” mídia, que, aparentemente, pareceu ter sido desmistificado com as recentes publicações da Globo e seus atores com olhos pintados fazendo uma alusão à jornalista acertada covardemente com uma bala de borracha no olho, depois nos deparamos com um link a ser compartilhado nas redes sociais que trazia dicas de “Moda para protesto, roupa de guerra” - a estilista pop global, Gloria Kalil, já havia soltado no site dela opções de roupas (sic!) para ir ao ato. Agora, qualquer dúvida que ainda tínhamos sobre um possível oportunismo ficou clara ao nos depararmos com - o sempre tão incisivo - Arnaldo Jabor voltando atrás em relação a quando deslegitimizou as primeiras manifestações comparando-as com ações do PCC, vitimizando os policiais e ressaltando a ignorância política dos manifestantes. Ele se redime e depois compara o movimento ascendente com o, exaltado pela própria Globo, Caras Pintadas (o movimento pode ter se originado de uma indignação, mas logo foi absorvido pela maior rede de TV do Brasil... Ah! A mesma emissora que ajudou na eleição do Collor). Daqui a pouco, veremos propagandas de refrigerantes convocando o Brasil pras ruas, presenciado o maior “jogo” já visto... A arte de mercantilizar a revolução.
Pra não dizer que não falamos dos espinhos, ter os povos nas ruas, em massa, não é sempre sinal de mudança popular. Em 1964, os setores conservadores da sociedade tremeram com a “ameaça comunista” (ainda com Jango no poder), que representava, na verdade, uma “ameaça” à propriedade privada e foram às ruas, em meio milhão de pessoas, com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Dias depois, instaurada a Ditadura Militar, um milhão de pessoas marcaram presença na Marcha da Vitória, comemorando o início de duas das piores décadas que já vivemos. Estamos preocupados com o rumo que esse levante popular pode tomar e com a associação dele a um discurso midiático vazio.
Não queremos ver uma marcha à la TFP, com pessoas vestidas de branco, cantando o hino e levantando bandeiras com os dizeres “Cansei”. Precisamos de sujeitos engajados em uma luta comprometida com os movimentos sociais e populares, aliados aos anseios dos trabalhadores!
Reiteramos, mais uma vez, nosso ânimo e contentamento em viver tudo isso, mas mantenhamos os pés no chão para não defendermos um discurso uníssono no qual o senso comum pode se misturar com o que deveria ser um discurso crítico e de esquerda.

Camila Petroni é historiadora pela PUC-SP, Assistente Editorial e mestranda em História Social pela PUC-SP. Lattes:http://lattes.cnpq.br/371694913814605
Débora Lessa é socióloga pela PUC-SP, Professora de Sociologia e mestranda em Ciência Política pela PUC-SP. Lattes:http://lattes.cnpq.br/2369964242733352

Movimento Passe Livre - Entrevista em 17 de junho de 2013 na Roda Viva da TV Cultura



Entrevista em 17 de junho de 2013 na Roda Viva da TV Cultura com representantes do Movimento Passe Livre.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Estudantes do Magalhães protestam por reforma da quadra

Cansados de esperar pela reforma da quadra da escola, os estudantes da E.E. Luís Magalhães (Jd. Ângela, zona sul) convocaram uma paralisação das aulas para o período da manhã nesta quarta-feira (17/04) como forma de protesto.
foto magalhães
 Assim que soube o que os alunos estavam planejando, a diretoria da escola fez de tudo para desmontar a
mobilização estudantil.
Às vésperas da paralisação, na terça-feira, um professor passou em todas as salas botando terror – dizendo que os alunos que participassem do protesto seriam presos -, enquanto outros remarcaram suas provas para o dia seguinte. O esforço das autoridades da escola para frustrar a paralisação foi bem sucedido. No início da manhã, enquanto os estudantes e seus apoiadores preparavam batuques e cartazes para animar a luta, a Polícia Militar cercou a escola com viaturas. Com medo ou desconfiados, a maioria dos alunos entrou na aula. Para não se deixarem isolar, mesmo aqueles que insistiam na paralisação entraram também.

A tentativa de protesto, ainda assim, virou assunto de conversa nos corredores,
magalhães 4
 aumentando nos estudantes a vontade de lutar. No horário do intervalo, eles se reuniram no pátio e fizeram uma assembleia, onde decidiram que iam pedir à direção que abrisse o portão da escola para que protestassem. A resposta da diretora foi a ameaça de suspensão de uma estudante, revoltando ainda mais os alunos. Após uma negociação, a diretora autorizou um protesto na saída, desde que não bloqueassem o trânsito na Estrada do M’Boi Mirim.
E por volta das 12h30 os alunos já saíram da escola com suas faixas e cartazes nas mãos e cantando palavras de ordem. De início, só havia um carro da polícia presente no local, 
magalhães 3
o que facilitou para que os alunos tomassem uma faixa da estrada. Mas não tardou muito e o local já estava tomado pela polícia e os alunos foram para um beco de frente à escola e lá continuaram o protesto. Para piorar, além da polícia, duas professoras e a diretora também colaboravam para intimidar os alunos, mandando irem para casa. O ato terminou quando os alunos do período da tarde começaram a entrar para a escola, mas antes os estudantes (cerca de 150) tiraram uma assembléia para o dia seguinte para decidir os próximos passos do movimento, que já deu provas de sua força e só tende a se fortalecer ainda mais se depender da disposição que mostraram na manifestação.
Que a direção e o governo abram o olho, porque o nosso está bem aberto e lutaremos até o fim!